Alva

Não passa, não passou. A dor que me vela não descansa, não tem pálpebras, nunca desvia o olhar.Essa vigilância sufoca, amedronta, intimida, enlouquece.Cansei de insistir na réplica 'Estou bem, sobrevivo',com os olhos voltados pro nada.Os olhos da dor enxergam bem mais,chegam ao âmago d'alma, ultrapassam os limites da carne, do senso, da sanidade.Esses olhos que insistem em me fitar todo o tempo, que me vigiam pelo meu eu que vara madrugadas, escurecendo.Quero novos olhos à me vigiar, quero outra alma a me rodiar, quero outra vida, quero me invadir, me dar ou deixar ir.Não dormir, ou não mais despertar.

2 sutilezas:

Filho do Homem disse...

Dor, mescla de raiva, medo,tristeza ... e até alegria nas suas devidas proporções...

Um dos momentos que julgo ser uma das horas mais perto da realidade.

Para nós que somos sonhadores, é dificil enfrenta-la ... não quer dizer que temos de aceita-la

...eis a oportunidade de virar o jogo e sonhar mais alto ... porque podemos mais ... muito mais...

. disse...

' Nem sei bem se sou eu que em mim sente'- Álvaro de Campos ( Fernando Pessoa)

A dor nos aproxima da realidade tanto quanto o amor nos aproxima da abstração.O sonho é a máxima de nós, 'abstradores'. Alimentamos o que para nós serve de alimento.Somos causa e consequência de nós mesmos.

E sim...podemos bem mais, muito mais, porque não nos limitamos.

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